São Paulo – Caminhando calmamente sozinho em direção ao carro que o aguardava, o presidente norte-americano, Donald Trump, deixou o hospital Walter Reed, onde estava recebendo tratamento para a covid-19 desde o final da sexta-feira.
Acenando para as pessoas que estavam do lado de fora e para a imprensa presente no local, Trump foi conduzido ao helicóptero presidencial e foi levado para a Casa Branca, onde ficou alguns minutos parado, do lado de fora, batendo continência.
Mais cedo, membros da campanha à reeleição de Trump disseram que a ideia é manter o presidente norte-americano na residência e longe do Salão Oval.
O presidente norte-americano havia dito por meio da sua conta no Twitter que receberia alta do hospital Walter Reed ainda hoje. Na mensagem, ele pedia para as pessoas não terem medo da covid-19 e dizia que se sentia melhor do que há 20 anos.
“Sairei do grande Walter Reed Medical Center hoje às 18h30 [19h30 de Brasília]. Me sentindo muito bem! Não tenha medo da covid-19. Não deixe isso dominar sua vida. Desenvolvemos, sob a administração Trump, algumas drogas e conhecimentos realmente excelentes. Sinto-me melhor do que há 20 anos!”, afirmou ele na publicação.
Logo após a publicação da mensagem por Trump, a equipe médica que está cuidando do presidente norte-americano concedeu uma entrevista coletiva, afirmando que os riscos para a saúde do chefe da Casa Branca ainda não desapareceram por completo.
“A condição de saúde do presidente permite que ele receba alta hoje. Essas condições melhoraram muito nas últimas 24 horas, mas ele ainda não pode ser considerado completamente fora de risco”, afirmou o médico da Casa Branca, Sean Conley, em entrevista coletiva.
Conley disse que o presidente norte-americano experimentou duas quedas nos níveis de saturação de oxigênio. No final da manhã de sexta-feira, antes de ser internado no hospital, Trump teve febre alta e sua saturação caiu para menos de 94%, e precisou de suplementação de oxigênio. O outro episódio de queda de saturação foi ao longo do sábado, para cerca de 93%.
“Desde que foi medicado, o presidente o presidente não apresenta mais febre. Ele está sem febre nas últimas 72 horas”, afirmou Conley.
Questionado sobre as razões pelas quais não foi ministrada a hidroxicloroquina no tratamento de Trump, o médico da Casa Branca não quis comentar. O medicamento é tradicionalmente usado contra a malária e foi defendido diversas vezes pelo presidente norte-americano como uma forma segura no uso em pacientes com covid-19. Médicos e autoridades de saúde no mundo e nos Estados Unidos passaram a não recomendar a hidroxicloroquina por não se mostrar eficaz contra a covid-19 e apresentar riscos elevados para a saúde.
“Há algumas regras e protocolos que devo seguir e que me impedem de comentar detalhes sobre o tratamento dos pacientes”, disse Conley. Antes, um membro da equipe médica que participava da coletiva disse que Trump iria tomar mais uma dose do remdesivir antes de ser liberado.
Nos primeiros dias após o diagnóstico, Trump recebeu um coquetel antiviral conhecido como regeneron assim como o remdesivir, que também é um medicamento antiviral. Além disso, ele fez uso de corticoide e outras drogas como zinco e vitamina D.
Os médicos também foram questionados sobre a possibilidade de o presidente norte-americano viajar ao retomar sua rotina e a resposta foi: “Vamos ver”.
Perguntado sobre o potencial de contaminação que Trump ainda representa para outras pessoas, Conley disse: “As pessoas geralmente transmitem o vírus nos primeiros cinco dias. Nós trabalhamos com uma janela e cindo a dez dias, mas não é possível afirmar um prazo com precisão”.
Este texto foi atualizado às 20h08.