São Paulo – A pandemia do novo coronavírus foi o primeiro tema do debate final entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o rival Joe Biden. De um lado, o republicano prometeu uma vacina contra a covid-19 para as próximas semanas, enquanto o democrata acusou seu oponente de não ter um plano para lidar com a situação.
“Fechamos a economia para lutar contra a pandemia. A Europa está passando por grandes surtos, enquanto a nossa taxa de mortalidade é baixa”, disse Trump. “Eu tive essa doença, melhorei e me disseram que agora estou imune por alguns meses ou para o resto da vida, não sei”, acrescentou.
Biden, por sua vez, lembrou o atual chefe da Casa Branca dos números da covid-19 no país: mais de 220 mil mortos e mais de 8 milhões de casos. “Não podemos deixar uma pessoa que não assumiu o controle da situação, que permitiu tantas mortes a assumir o cargo de presidente”, afirmou. “Trump não tem um plano claro para a pandemia, enquanto eu quero garantir recursos para reabrir escolas e a economia com segurança”, acrescentou.
SEGURANÇA NACIONAL
Em seguida, os dois candidatos falaram sobre segurança nacional. Trump negou qualquer possibilidade de interferência no pleito passado e garantiu que Rússia, Irã e China pagarão o preço se tentarem influenciar a votação deste ano. Ele também acusou Biden de receber dinheiro russo sem citar qualquer prova.
“Ninguém foi mais duro do que eu com a Rússia em termos de sanções e em relação à Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”, disse Trump. “Você recebeu milhões da Rússia enquanto era vice-presidente e precisa explicar isso”, acrescentou.
Biden, por sua vez, disse que esses países têm interesse em sua derrota na corrida presidencial e negou qualquer envolvimento com dinheiro russo. “Não recebi nada de país nenhum. Mas sei que você tem negócios na China. Eu apresentei todas as minhas declarações de imposto de renda, onde estão as suas?”, questionou.
Trump se defendeu, dizendo que irá apresentar suas declarações de renda assim que as auditorias foram concluídas. No entanto, o presidente norte-americano vem travando uma batalha na justiça para manter sua renda sob sigilo desde que assumiu a Casa Branca.
CHINA E COREIA DO NORTE
A China e a Coreia do Norte apareceram como um dos subtemas do debate final, com Biden afirmando que seria mais duro com a Pequim, enquanto Trump defendeu sua política atual, afirmando que os chineses estão pagando bilhões em tarifas e em produtos norte-americanos.
“Eu faria a China obedecer às regras internacionais. Nosso déficit comercial aumentou em vez de cair. Precisamos garantir a segurança da propriedade intelectual e impedir que os chineses tenham uma participação de 51% nas nossas empresas”, afirmou Biden.
“Eu fui o único que teve coragem de enfrentar a China, que passou a nos pagar 25% de tarifas, algo que a gestão Obama-Biden não teve coragem de fazer”, disse Trump.
Sobre a Coreia do Norte, o presidente norte-americano afirmou que tem uma boa relação com o líder Kim Jong Un e que conseguiu evitar uma guerra. “Ele é um cara diferente, mas temos uma boa relação”, afirmou. Já Biden disse que só se encontraria com Kim sob garantias de redução do programa nuclear de Pyongyang.
FAMILIAS NORTE-AMERICANAS
Neste tópico, os dois candidatos falaram de seus planos sobre saúde e emprego. Trump lembrou das mudanças que realizou na lei de saúde, conhecida como Obamacare, acabando com o mandato individual que obrigava os norte-americanos a adquirir um seguro de saúde e também disse que se concentrou nas pessoas com doenças preexistentes.
Já o democrata afirmou que vai criar o ‘Bidencare’, seu programa que visa garantir o acesso à saúde pública para famílias que não tiveram recursos, garantir a competição entre as empresas do setor e reduzir os preços de franquias e mensalidades.
Sobre o mercado de trabalho, Trump disse que não consegue fazer mais porque os democratas não aprovam um novo pacote de estímulos, enquanto Biden defendeu um auxílio federal mais amplo para ajudar as pequenas empresas a se manterem funcionando e contratarem.
IMIGRAÇÃO
Trump defendeu sua política de imigração, enquanto Biden – acusando o governo norte-americano de separar os filhos de seus pais – comprometeu-se a fazer a reforma que Barack Obama não conseguiu.
“A política de prender e soltar é um desastre. Nossas patrulhas estão nas fronteiras e demos chances de as pessoas pedirem asilo dentro da lei e da maneira correta”, afirmou Trump. “Nós temos centenas de crianças que não sabem para onde ir porque foram separadas de seus pais”, disparou Biden.
QUESTÃO RACIAL
Depois da onda de protestos que tomou conta de várias cidades norte-americanas com a morte de alguns afro-americanos pela polícia, a questão racial virou um tema central da campanha eleitoral deste ano nos Estados Unidos.
“Eu nunca precisei ensinar para um filho meu a colocar as mãos no volante quando abordados pela polícia porque se não o fizessem poderiam ser mortos”, disse Biden. “O racismo estrutural existe nos Estados Unidos e não podemos ignorar esse fato”, acrescentou.
“Nenhum presidente fez mais pelas comunidades negras do que eu. Obama e Biden não souberam lidar com essa questão e não fizeram nada por essas pessoas”, afirmou Trump, corrigindo-se depois ao lembrar de Abraham Lincoln. “Eu sou a pessoa menos racista neste lugar”, acrescentou ele, ignorando a mediadora negra Kristen Welker, da NBC News.
MUDANÇAS CLIMÁTICA
A questão ambiental encerrou o último debate das eleições presidenciais deste ano. Trump adotou o discurso do primeiro encontro, ao afirmar que quer água e ar limpos, mas que deixou o Acordo de Paris porque, segundo ele, é um injusto. Já Biden defendeu o uso da energia limpa e da geração de empregos no setor.
“Não vou sacrificar as empresas do nosso país, enquanto a China fica de fora por anos e a Rússia entra com uma cota muito baixa”, disse Trump, referindo-se ao Acordo de Paris. “Minha administração conseguiu progressos com relação ao clima”, acrescentou ele sem dar detalhes sobre o assunto.
Já Biden acusou a gestão atual de abrir mão de regulações que protegiam o meio ambiente e prometeu investimentos em setores que usam energia limpa. “Vamos limpar o meio ambiente gerando muitos empregos, 18 milhões de vagas serão abertas e vamos impulsionar a economia”, afirmou.
O democrata defendeu a substituição do petróleo por energia limpa, afirmando que interromperia os subsídios ao segmento, enquanto Trump disse que essa proposta acabaria com um dos setores mais importantes a economia norte-americana.