“Na nossa economia social de mercado, os lucros são bons. Mas nestes tempos é errado receber lucros recordes extraordinários beneficiando-se da guerra e nas costas dos consumidores. Nesses tempos, os lucros devem ser compartilhados e canalizados para quem mais precisa”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na abertura do State of the Union Address (Soteu), nesta quarta-feira, em Estrasburgo, na França.
No evento que marca a mensagem anual dos membros da União Europeia, ela detalhou como será feita essa cobrança adicional de impostos e como esse dinheiro a mais será utilizado. “A nossa proposta irá angariar mais de 140 bilhões de euros para os Estados-Membros amortecerem o impacto da guerra. Essas são medidas emergenciais e temporárias nas quais estamos trabalhando, incluindo nossas discussões sobre limites de preços”.
A União Europeia, até antes da guerra, importava 40% de gás natural liquefeito (GNL) da Rússia para as usinas de energia. Com a invasão na Ucrânia, a região impôs diversas sanções ao país, incluindo a redução da compra do combustível russo. Ao mesmo tempo, o bloco europeu vem procurando outros fornecedores de gás. Mas o preço da commodity disparou no mercado.
Ainda que a Rússia continue enviando gás para o continente, por conta de contratos acertados anteriormente, o país vem reduzindo sistematicamente sua quantidade e interrompeu o funcionamento do gasoduto Nord Stream I, alegando problemas de manutenção. “No ano passado, o gás russo representou 40% de nossas importações de gás. Hoje, caiu para 9%. Mas a Rússia continua manipulando ativamente nosso mercado de energia. Eles preferem queimar o gás do que entregá-lo. Este mercado não está mais funcionando”.
Leyen disse que a Europa deve deixar de ser dependente do gás russo, e afirmou que a região está desenvolvendo uma série de tecnologias para aumentar a produção de energia limpa, como a solar e a eólica, e fazer dela a principal fonte energética. Enquanto isso, a União Europeia vem diversificando os fornecedores de gás, para evitar a dependência de apenas um fornecedor.
“Nossos amigos no Báltico trabalharam duro para acabar com sua dependência da Rússia. Eles investiram em energia renovável, em terminais de GNL e em interconectores. Isso custa muito. Mas a dependência dos combustíveis fósseis russos tem um preço muito mais alto”.
Leyen destacou como a guerra na Ucrânia influencia a Europa em vários aspectos além dos econômicos. Ela lembrou da destruição de regiões inteiras por conta de bombardeios, pessoas que fugiram da Ucrânia, e crianças que não puderam estudar devido à destruição de escolas.
Ela disse que a União Europeia vai ajudar com investimentos na reconstrução da Ucrânia. “Por isso, quero que mobilizemos todo o poder do nosso mercado único para ajudar a acelerar o crescimento e criar oportunidades”.