Unica espera recuperação parcial da produção na safra 2022/23

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Porto Alegre – Após uma quebra histórica de produtividade na safra 2021/22 de cana da região Centro-Sul, a próxima temporada deve ter uma recuperação parcial no rendimento agrícola. As informações são da Agência SAFRAS.

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira, o diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), Antônio Pádua Rodrigues, destacou que o retorno das chuvas a partir de outubro e os prognósticos positivos para janeiro e fevereiro indicam uma recuperação de pelo menos 8,5% na produtividade setorial da cana que começará a ser colhida em abril do próximo ano. O executivo, no entanto, não apontou um número esperado de moagem para a safra 2022/23, após as 525 milhões de toneladas estimadas para 2021/22, volume que é o menor dos últimos dez anos. “Esperamos uma recuperação parcial, a depender das condições climáticas, que por enquanto são positivas”, destacou.

Conforme o Rodrigues, uma safra como a 2021/22 não foi novidade para o setor. Na safra 2011/12, a condição de resultados agrícolas muito semelhante, com recuperação de 8,5% na safra 2012/12.

Para a safra 2022/23, a expectativa é de recuperação parcial da produtividade setorial, em pelo menos 8,5%, por conta de dois fatores principais: Melhores condições do canavial, em comparação a 2011/12; e melhor remuneração do açúcar e etanol e maiores investimentos em produtos biológicos, micronutrientes, adubos foliares além do manejo de base (nutrição, controle de mato). Contribuirão ainda para a recuperação o aumento da proporção de variedades modernas no censo setorial e a sistematização das áreas e maior domínio técnico da mecanização do plantio e colheita.

O indicativo é de condições climáticas mais favoráveis a cultura da cana-de-açúcar no primeiro trimestre de 2022. O efeito La Niña deverá perdurar até março e não deve afetar substancialmente as chuvas no Centro-Sul.

MENOR SAFRA DOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

A safra 2021/22 de cana da região Centro-Sul deve encerrar com moagem de 525 milhões de toneladas, uma queda de 13,3 por cento em relação a 2020/21, quando foram colhidas 605,4 milhões de toneladas. O diretor-técnico da Unica destacou que o volume de moagem da safra 2021/22 é a menor desde 2011/12, quando a região colheu 492 milhões de toneladas.

Conforme o executivo, intempéries climáticas, como a estiagem e ainda as três geadas registradas no inverno, explicam a queda nos números de produção de cana. A queda mais expressiva de moagem de cana foi registrada no estado do Mato Grosso do Sul, com 21 por cento, seguido por São Paulo (-15,6%).

Segundo Rodrigues, a seca, as geadas, e ainda as queimadas tiveram diferentes efeitos em cada estado produtor de cana. Nos meses de abril, maio, junho, julho, agosto e setembro, a cana colhida teve menor rendimento em toda a região Centro-Sul. Apenas a partir de outubro, com o retorno das chuvas, é que a produtividade agrícola começou a se recuperar em relação ao último ano. Com isso, a safra 2021/22 vai terminando mais cedo que o normal, por conta da menor quantidade de cana para ser colhida.

“A produtividade agrícola da cana foi bastante afetada pelas intempéries climáticas em 2021, e deverá levar pelo menos dois anos para chegar perto do seu potencial. Ainda por conta das adversidades climáticas, tivemos que colher muita cana precoce nesse ano, o que ajudou a reduzir o rendimento agrícola da planta”, disse Rodrigues.

Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS