São Paulo – A vacina contra o coronavírus pode enfrentar uma série de obstáculos e não deve ser anunciada antes do meio do ano que vem, afirmou o diretor do laboratório de imunologia do Incor, Jorge Kalil, durante audiência na Câmara dos Deputados.
“As vacinas normalmente levam muitos anos – mais de 10 anos, 15 anos – para serem desenvolvidas, e todo mundo quer fazer em seis meses. Acho que não teremos uma vacina antes da metade ou do fim do ano que vem, que será produzida provavelmente no país em que ela será descoberta”, afirmou ele.
Kalil apontou que a maioria das vacinas que estão em testes no mundo são vacinas que usam tecnologias inovadoras, sem fábricas adaptadas para a produção, de forma que, além do esforço para a eficácia clínica da vacina, também será necessário um esforço para a fabricação delas.
Ele disse também que até o momento não houve nenhuma vacina do tipo RNA mensageiro – método que vem sendo estudado por várias empresas, entre elas a Pfizer – que funcione e que, se desta vez funcionar, o Brasil seria incapaz de produzir sozinho este tipo de vacina. “A capacidade do Brasil para desenvolver vacina de RNA é zero.”
Ele ressaltou, porém, que a aposta numa vacina para solucionar a pandemia é válida porque não há relato comprovado de caso de reinfecção pela covid-19.
“Não houve caso de reinfecção, o que nos dá perspectiva muito boa para ter vacina”, disse ele, afirmando, porém, que ainda não se sabe por quanto tempo as pessoas contaminadas ficarão imunizadas, acrescentou.
Ele disse que o grupo do qual ele participa está desenvolvendo uma vacina que possui partículas semelhantes ao vírus e que coloca na superfície as proteínas que são importantes para o desenvolvimento da imunização. Os testes em humanos com esta vacina devem começar no ano que vem.