São Paulo – A Vale aprovou a primeira revisão da política de sucessão do presidente da companhia. O conselho de administração será responsável pela continuidade ou renovação do mandato. Se decidir pela renovação, será contratada empresa de padrão internacional que apresentará uma lista tríplice. Serão considerados candidatos internos também. O processo de sucessão deve ser iniciado entre 6 e 4 meses antes do vencimento do mandato.
O atual presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo, tem contrato vigente até maio de 2024.
VALE DAY
Após o Vale Day, encontro anual com investidores realizado ontem (5), em Londres, analistas indicam que o guidance da companhia veio um pouco abaixo do esperado e a expectativa de que a transformação da companhia ocorrerá a partir de 2026, quando aumentará sua produção e reduzirá custos.
A XP destaca que a atualização das principais linhas de negócios da Vale apresentou números um pouco piores em relação às suas estimativas no curto prazo, principalmente em custos mais elevados, menores volumes de cobre e maiores investimentos.
A Vale informou que o C1 deverá permanecer em níveis mais elevados em 2024, entre uma faixa de US$ 21,5-23,0 por tonelada (vs. US$ 22,5/t em 2023 e 7% acima da expectativa da XP) e abaixo de US$ 20,0/t em 2026 . Os volumes de cobre aumentam a um ritmo mais lento do que o esperado, com uma produção de 320-355kt estimada para 2024, abaixo da estimativa de 370kt da XP. O maior investimento esperado para 2024, principalmente em investimento de expansão (US$ 6,0-6,5 bilhões para 2024 vs. XPe de US$ 5,7 bilhões). A empresa também reiterou o guidance de produção de longo prazo para minério de ferro (360 milhões de toneladas), níquel (300kt) e cobre (900kt).
“Por fim, embora o guidance atualizado tenha sido um pouco mais fraco em relação às nossas estimativas, acreditamos que os fundamentos da indústria siderúrgica na China deverão apoiar os preços do minério de ferro (portanto, as ações da Vale) em níveis mais elevados no curto prazo, refletindo indicações recentes mais expressivas de estímulos do governo na China e uma perspectiva restrita de oferta e demanda para o minério de ferro”, comentaram os analistas da XP.
Os analistas da XP também citam que a companhia deu mais detalhes sobre seus projetos de expansão para alcançar aumento de produção de minério de ferro, cobre e níquel até 2026; e sobre o processo de reparação de Mariana e Brumadinho.
“Acreditamos que os resultados de hoje atenuam parcialmente as preocupações com custos para a Vale (embora esperemos que C1/t esteja mais próximo do limite superior da banda de US$ 21,5-22,5/t em 2023FA), com o novo anúncio de dividendos de US$ 2,0 bilhões refletindo o conforto da empresa na geração de fluxo de caixa e na conclusão da transação da Vale Metais Básicos, em nossa opinião. Finalmente, dadas (i) expectativas mais baixas para os preços do minério de ferro no futuro e (ii) a Vale já está precificando preços mais baixos do minério de ferro, reiteramos nossa visão Neutra sobre as ações”, concluiu a XP em sua análise.
O BTG Pactual considera que o guidance numérico apresentado pela mineradora no evento mostra apenas “fontes marginais de decepção”, principalmente nos menores volumes de níquel, investimentos modestamente mais altos e uma deflação de custos possivelmente menos agressiva esperada para 2024.
No entanto, os analistas elogiaram a abordagem da administração para evitar o excesso de promessas e o dilema da subprodução, e acreditam que as metas de longo prazo parecem altamente alcançáveis – no que está “nas mãos da empresa”, não sobre licenciamento.
Embora entendamos que a diretoria da empresa está falando sobre um caminho para 2026, vemos espaço limitado para progressos materiais nos principais KPIs em 2024 (volumes e custos de minério de ferro amplamente estáveis na comparação anual)”, comentam os analistas do BTG.
O grande avanço na história patrimonial da Vale (numericamente) deverá ocorrer em 2026, após progressos tangíveis no estabelecimento das bases para uma abordagem empresa muito mais lucrativa à frente.
Entretanto, considerando que os mercados de minério de ferro estão apertados (o mercado marítimo está operando com déficit) e que os preços estão ajudando, o BTG acredita que o impulso dos lucros da Vale deve acelerar em 2024 e que as ações da companhia recuperem seu fundamentos.
Assim, o BTG mantém a recomendação de compra para as ADRs da Vale, com preço-alvo de US$ 19,00 para os próximos 12 meses.
O Bank of America (BofA) aponta que a administração da Vale enfatizou a segmentação do mercado de minério de ferro e as oportunidades de crescimento e compartilhou as primeiras conclusões do seu processo de revisão de ativos de metais básicos. A companhia dividiu seus ativos em: Brasil, com grandes ativos com grande potencial de crescimento; Canadá, com ativos maduros com oportunidades de melhoria operacional; e Indonésia, com ativos bem posicionados para crescimento futuro. Eles também mencionaram que o crescimento dos metais básicos deve ser financiado pelo fluxo de caixa do cobre e que a Vale Base Metals está atualmente desalavancada.
“Embora o guidance tenha falhado modestamente os nossos números, especialmente no que diz respeito aos custos, a nossa sensação é que os investidores em geral já tinham expectativas mais baixas, o que deverá limitar os cortes nos lucros”, opina o BofA.
O BofA reiterou a classificação de compra por sua perspectiva otimista para o minério de ferro, já que esperam que os preços da commodity fiquem em média em US$ 125/t em 2024 e em US$ 150/t no 1T24. Além disso, também vê potencial para melhorias e consideram a avaliação da ação em um atrativo EV/EBITDA de 3,3 vezes para 2024 e rendimento de fluxo de caixa livre de 16%.