São Paulo – A Vale mantém a previsão de continuar mais agressiva na distribuição de dividendos aos acionistas e não prevê mudanças na sua política mesmo com a possível aprovação da proposta de reforma tributária do governo. A atual proposta prevê a tributação de dividendos e a extinção de juros sobre capital próprio (JCP).
“Temos sido muito disciplinados com dividendos, e sobre a questão da reforma tributária, a gente entende que tem muito para acontecer ainda, mas não vemos mudança na nossa política de dividendo sem função disso. O que a Vale quer é consistência na entrega e retorno aos acionistas”, disse o diretor-presidente da mineradora, Eduardo Bartolomeo em teleconferência de resultados da companhia.
Ainda sobre a reforma tributária, a Vale destacou que vê o governo tentando fazer com que ela seja neutra, compensando a tributação de dividendos com a redução de pagamento de imposto de renda, mas não considera justo que ela não considere a reserva de lucros das companhias, que já foi tributada.
“Os lucros acumulados das companhias já foram tributados à alíquota de 34% e, se essa questão não for contemplada, haveria sobretributação, não seria justo na nossa avaliação”, disse o vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Luciano Siani.
A companhia ainda reiterou seu objetivo de continuar pagando dividendos e dar retorno aos acionistas ao afirmar que avalia a elevação da meta de dívida líquida anual de US$ 10 bilhões para US$ 15 bilhões.
“Sobre a dívida líquida expandida já discutimos com o conselho e estamos mirando US$ 15 bilhões. Claro que a forma de chegar lá vai ser feita ao longo do tempo e permite ser mais agressivo ao longo do tempo em distribuição para acionistas”, afirmou Siani.
PRODUÇÃO E PREMIOS
A mineradora também se mostrou um pouco mais otimista em relação à capacidade de produção de minério de ferro este ano. Segundo o presidente da empresa, mesmo se a produção não crescesse no segundo semestre deste ano, a companhia já atingiria a parte baixa do seu guidance, que é de 315 a 335 milhões de toneladas.
A Vale afirma que já está hoje com uma capacidade de 335 milhões de toneladas e deve chegar a capacidade de 343 milhões de toneladas de minério até o fim do ano, impulsionada por alguns fatores, como a aceleração de produção e autorizações de algumas minas.
“Primeiro, estamos agora em período seco e temos produzido 1 milhão de tonelada/dia nas últimas semanas. O segundo fator é que Serra Leste já está em plena capacidade. Terceiro ponto, conseguimos aumentar a produção de alta sílica em Brucutu. Quarto ponto, a mina de Fábrica está de volta, já com autorização pela. E quinto ponto, temos ativo novo em operação desde essa terça-feira, que é a barragem Maravilhas III, no Complexo Vargem Grande. Tudo isso nos faz acreditar que vamos produzir mais do que no ano passado”, disse Bartolomeo.
A empresa ainda disse esperar que o prêmio pago pelo minério de maior qualidade, que é o que mais produz, se mantenha elevado no segundo semestre por fatores como estoques reduzidos e uma demanda aquecida da China e fora da China.
Os diretores da Vale ainda comentaram sobre o impacto do aumento da inflação no Brasil, que afirmam que foi sentido neste trimestre, principalmente em relação ao custo de insumos como o diesel, mas afirmam que sazonalmente o segundo semestre é melhor para a companhia, sugerindo que esse impacto deve ser compensado.
SAMARCO
A empresa ainda comentou sobre a situação da Samarco e explicou que estão sendo renegociados os programas de reparação de danos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), conforme já previsto no acordo inicial com a Justiça e autoridades, o que não envolve novos valores. A Vale detém 50% da Samarco.
“O acordo já tinha previsão que, após dois anos da sua assinatura, haveria revisão da eficácia e funcionamento dos programas, o que a Samarco está fazendo é renegociar esse programa conforme previsto, não é um novo acordo, mas os princípios que vão ser levados em conta agora, melhorando a governança. Não tem discussão de valores, que já foram definidos”, disse Siani a analistas.
O executivo também disse que a produção da Samarco deve ficar em 7 milhões de toneladas e ficar nesse patamar durante muitos anos, sem novidades, já que sua capacidade de produção ficou limitada com o rompimento.
Danielle Fonseca / Agência CMA
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