Por Wilian Miron
São Paulo – A continuidade da depreciação do real frente ao dólar pode limitar a melhora na qualidade de crédito das companhias aéreas brasileiras, embora a demanda por viagens esteja crescendo mais rápido do que o Produto Interno Bruto (PIB), ajudando o setor aéreo a continuar a se fortalecer no segundo trimestre deste ano, disse em relatório a agência de classificação de riscos Moody’s.
De janeiro a agosto deste ano, o real recuou cerca de 7% frente ao dólar, enquanto o preço médio do barril de petróleo no primeiro semestre de 2019 foi de US$ 66.
Segundo a Moody’s, as aéreas brasileiras conseguem repassar aproximadamente de 60% a 70% de custos extras relacionados à depreciação cambial e aumento dos preços internacionais do petróleo aos passageiros por meio das passagens, mas a deterioração cambial segue sendo um risco e pode colocar as margens das aéreas sob pressão.
A agência destacou também que as companhias aéreas fizeram um bom trabalho para lidar com o estresse cambial ao cortar custos e capacidade, reduzindo descasamentos entre receitas e passivos denominados moeda estrangeira, além de adicionarem a cobrança por itens oferecidos durante os voos.
Além disso, de acordo com a Moody’s, as empresas do setor se beneficiaram de uma menor competição, decorrente da saída da Avianca do mercado. Na visão da agência de classificação de riscos, as empresas Gol, Latam e Azul, que atuam neste ramo conseguiram maior poder de precificação.
“Apesar de esforços em andamento para tornar o mercado de aviação brasileiro mais competitivo, barreiras de entrada significativas tais como impostos elevados e longas distâncias protegem as três aéreas das concorrentes de baixo custo, uma vantagem singular em comparação aos mercados internacionais”.
A Moody’s também destaca que os ataques com drones a unidades petrolíferas na Arábia Saudita são negativos para o crédito das áreas no Brasil, embora companhias tenham proteção com hedging.