“Vamos ser francos: a Vale está enrolando povo de Mariana e Brumadinho”, cogita Lula

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Imagem do rompimento da barragem B-I, da Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG).

São Paulo – Em entrevista à rádio FM O Tempo, em Belo Horizonte (MG), o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que a Vale está enrolando o povo das cidades mineiras de Mariana e Brumadinho para dar a reparação devida. Ambos os municípios foram vítimas do rompimento de barragens de rejeitos de minérios da mineradora. O rompimento das barragens do Feijão e de Fundão matou 289 pessoas e contaminou com lama tóxica os rios Doce e Paraopeba. Ainda há desaparecidos na região.

“Vamos ser francos. A Vale está enrolando o povo de Mariana e o povo de Brumadinho. Isso não é brincadeira, já faz sete anos. Criou uma empresa [Renova] para fazer o quê? O que essa empresa faz? Essa empresa já fez as casas? Essa empresa já pagou a indenização?”, questiona.

“Eu tenho cobrado do ministro Alexandre Silveira [de Minas e Energia], que está aqui. Eu quero saber como é que está o acordo da Vale. Ele me disse que está 90% resolvido. Vai me apresentar semana que vem ou a outra para a gente bater o martelo e fechar esse acordo”, disse o presidente.

Neste mês, a Vale confirmou uma nova proposta de R$140 bilhões para reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, incluindo R$ 37 bilhões já investidos, R$82 bilhões a serem pagos ao longo de 20 anos, e R$ 21 bilhões em obrigações futuras. A proposta está em mediação pelo Tribunal Regional Federal da 6 Região (TRF6) junto a governos e entidades públicas, visando a liquidação definitiva das obrigações relacionadas ao rompimento. As negociações são confidenciais por força de lei.

O Poder Público fez uma contraproposta de R$ 109 bilhões, a ser paga em 12 anos, destacando “a necessidade de considerar o atraso no pagamento e assegurando que a quantia será usada para medidas reparatórias ambientais e socioeconômicas.” A Vale reafirmou seu compromisso com as ações de reparação e compensação e continua nas negociações.

Colaborou Emerson Lopes /Safras News