São Paulo – A Vibra, antiga BR Distribuidora, assinou contrato com a Copersucar para a criação de uma joint venture que atuara como empresa comercializadora de etanol (ECE).
A ECE terá estrutura de gestão independente e governança corporativa própria. A operação foi aprovada pelo conselho de administração da Vibra na última sexta-feira (27).
No acordo, a Vibra vai comprar ações da Copersucar representativas de 49,99% do capital social da ECE por R$ 4,999 milhões, mantendo a Copersucar com 50,01% de participação em uma sociedade que será constituída com capital social de R$ 10 milhões, por determinação regulatória.
Após as devidas aprovações da operação pelas autoridades competentes, para a entrada em operação, as empresas acionistas irão aportar na nova sociedade mais R$ 440 milhões, na proporção de suas participações. Não haverá aporte de ativos imobilizados dos sócios.
Atualmente, a Vibra movimenta entre 6 e 6,5 bilhões de litros de etanol, em sua atividade de distribuição. Já a Copersucar é uma sociedade responsável por comercializar entre 4,5 e 5 bilhões de litros de etanol produzidos pelas usinas vinculadas à Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo.
Com a entrada em operação da JV, a Copersucar passará a ser a responsável por adquirir o volume demandado pela Vibra, bem como por escoar a produção das usinas da Cooperativa.
“Com isto, entendemos que os volumes totais de comercialização esperados para a JV a tornarão a maior comercializadora de etanol do Brasil e uma das maiores do mundo”, disse a Vibra em comunicado.
A ECE será livre para comprar etanol no mercado e não somente das usinas da Cooperativa, bem como poderá vender etanol para outros clientes além da Vibra, incluindo outras distribuidoras, de modo a aumentar a sua capilaridade e abrangência no mercado de etanol. Além disso, a ECE passa a ser a responsável pelas operações de importação e exportação de etanol que hoje são realizadas pelas suas acionistas.
Segundo a Vibra, a formação da nova comercializadora de etanol deverá gerar ganhos de escala que viabilizarão maior competitividade e diversos tipos de sinergias nas operações, através de melhores controles operacionais, maior capacidade de carregos de estoque, monitoramento constante e visão ampla de todos os processos da cadeia em tempo real, entre outros.
A formalização da parceria e o fechamento da operação depende da autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do credenciamento da ECE perante a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
REAÇÃO DO MERCADO
Analistas repercutem o anúncio feito pela BR Distribuidora (atual Vibra) sobre a intenção de criar uma uma joint venture. Às 12h30 (horário de Brasília) o papel da empresa (BRDT3) estava perto da estabilidade, com leve alta de 0,14%, a R$ 27,16, enquanto o Ibovespa caía 0,69%.
A Guide Investimentos destaca que a informação dada pelas empresas no comunicado ao mercado de que os volumes totais de comercialização esperados para a JV a tornarão a maior comercializadora de etanol do Brasil e uma das maiores do mundo e disse que esperava um impacto positivo para as negociações.
“Vemos a criação da JV com bons olhos, pelo potencial sinérgico que deve ser criado, por meio de ganhos com escala, e melhores controles operacionais, maior capacidade de carregos de estoque”, disse o analista da Guide, Luis Sales.
A Ativa Investimentos destacou que a Vibra terá 49,99% de participação e aportará R$ 440 milhões, o que representa pouco mais de 6,5% de seu endividamento líquido atual e um incremento de 0,12 vez em sua alavancagem, que potencialmente atingirá 1,5 vez, proporção ainda benigna para comportar novos movimentos de expansão uma vez que a banda máxima atual é de 2,5 vez.
“Acreditamos que o movimento seja convergente com o novo posicionamento estratégico da companhia e possa ser seguido de mais novidades nos próximos dias”, comentou o analista Ilan Arbetman, da Ativa.