São Paulo – O presidente da Vibra Energia (antiga BR Distribuidora), Wilson Ferreira Júnior, garantiu que não haverá desabastecimento de combustíveis na rede de postos da marca, com a companhia devendo elevar a importação diante da limitação da Petrobras, que afirmou que recebeu uma demanda mais forte do que o previsto em novembro e admitiu que pode não dar conta de entregar a totalidade dos pedidos. A restrição da Petrobras já vinha sendo apontada por associações de distribuidores, que afirmaram que há riscos de desabastecimento.
“Já somos os maiores importadores de combustíveis do Brasil, o Brasil não tem capacidade de produzir tudo em gasolina e diesel e isso que vai permitir, em função da limitação da Petrobras, que não haja risco de desabastecimento na rede BR”, disse o executivo ao participar de live do jornal “Valor Econômico”. Segundo Ferreira Júnior, já houve um reforço na importação para evitar qualquer risco.
Questionado sobre a possibilidade de uma nova greve de caminhoneiros, que tem pressionado o governo diante de preços elevados do diesel, o presidente da companhia disse que isso é monitorado, principalmente, para não ocorrer problemas na distribuição, mas espera que ela não ocorra.
“Acreditamos que não teremos maiores problemas, mas a situação desde ontem começa a preocupar. Greve prejudica o país, temos que criar condições para superar dificuldades. A Petrobras está praticando preço diferente da base internacional e a questão também é discutida no Congresso”, disse. Embora a Petrobras siga a política de preços de paridade com preços internacionais do petróleo e tenha feito elevações recentemente, analistas apontam que o preço dos combustíveis ainda está defasado em relação ao do exterior.
Ainda sobre os preços de combustíveis praticados pela Petrobras, o presidente da companhia defendeu que não haja um controle artificial de preços por parte do governo, o que afirmou que já foi mostrado que não funciona, mas defendeu iniciativas que estão tramitando no Congresso, como uma possível regulação que possa reduzir a volatilidade de preços e a redução de impostos sobre combustíveis.
Ferreira Júnior também defendeu que haja um maior controle de sonegação de impostos no setor de distribuição de combustíveis, afirmando que isso evitaria um desperdício de cerca de R$ 25 bilhões por ano, “quase o valor do atual Bolsa Família”.
O executivo ainda mostrou receio de que a possibilidade de mudança de regulação do setor, com novo marco, que traz pontos como a venda direta de etanol e mudanças nas regras de fidelidade de postos, possa aumentar a sonegação.
TRADING
O presidente da Vibra também disse que embora já importem combustíveis, há possibilidade de otimizar ainda mais essa operação, reiterando o desejo de criar uma trading internacional que possa ter maior capacidade de negociar preços e trazer combustíveis com um preço melhor.
“Há dois anos atrás éramos a empresa de maior custo do setor e de maior margem. Hoje é o contrário, é a de menor custo e estamos trabalhando em alternativas para diminuir ainda mais e temos que fazer a mesma coisa no processo de importação, esse é o objetivo”, disse.
Danielle Fonseca / Agência CMA
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