Volátil durante o dia, Bolsa fecha estável e dólar recua

444

São Paulo – O Ibovespa operou todo o dia entre território positivo e negativo e no início da tarde começou a subir e chegou a apontar ganho de 0,52%, mas não sustentou a alta. Perto do fechamento, indicou queda e fechou em baixa de 0,01%, aos 117.498,87 pontos. No período da manhã, o principal índice da B3 atingiu a máxima de 118 mil pontos. O volume financeiro foi de R$ 24,8 bilhões, menor que o pregão de ontem – de R$ 28,35 bilhões.

Os analistas da Terra Investimentos, disseram que os investidores permanecem de olho no projeto do Orçamento de 2021 e, “acreditam em um possível acordo entre o Congresso e o governo com veto parcial de Bolsonaro.”

De acordo com uma fonte, os investidores “estão sem apetite para compra e não querem se desfazer de seu movimento”. Sem notícias relevantes, o mercado optou pela neutralidade.

Os papéis do setor financeiro, que têm um forte peso no índice, registraram retração. As ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4), Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) caíram 2,30% e 1,84%; 1,31% e 1,50%, respectivamente.

Durante o leve avanço de hoje, o analista Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos, disse que “não encontrava uma razão específica” para o movimento.

No entanto, afirmou que em razão do pacote de investimentos em infraestrutura de US$ 2 trilhões do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, as ações das siderúrgicas apontaram ganho e puxaram um pouco o índice para cima, principalmente da Gerdau. “Para a nossa siderurgia é muito positivo esse plano”, afirmou. Os papéis da Gerdau sobem 2,37%, CSN (CSNA3) avançam 3,62% e Usiminas (USIM5) ganham 3,45%.

O dólar comercial fechou em queda de 1,37% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6010 para venda, no menor valor de fechamento desde o dia 23, em viés de ajuste e seguindo o exterior em sessão mais positiva para as moedas de países emergentes, além da queda dos rendimentos das taxas de juros futuros dos títulos do governo norte-americano, as treasuries, no qual o vencimento de 10 anos operou ao redor de 1,66%. Aqui, o imbróglio em torno do Orçamento deste ano segue no radar.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca que o bom humor prevalece no exterior desde ontem e “contaminou” o comportamento das moedas emergentes, como o real. Segundo ele, o otimismo vem da percepção de melhora das economias norte-americana e chinesa, após o resultado de indicadores nos últimos dias. “Isso está fazendo o investidor acreditar que o pior da pandemia passou para a Ásia e para os Estados Unidos”, avalia.

Ele acrescenta que ajustes técnicos no mercado local corroboraram para a moeda operar em queda por todo o pregão, além da perspectiva de que o Congresso e a equipe econômica do governo federal podem chegar a um acordo nas negociações em curso sobre a proposta orçamentária deste ano, para evitar o descumprimento do teto dos gastos.

A economista da Toro Investimentos, Thayná Vieira, reforça que as incertezas fiscais geradas pela aprovação da proposta, no fim do mês passado, ainda estão no radar do mercado, já que o Orçamento “não propõe recursos suficientes para as despesas obrigatórias”, além de aumentar os gastos relacionados às emendas parlamentares.

“A preocupação gira em torno de um possível risco de paralisação da máquina pública se a proposta permanecer da forma atual. Com isso, o Orçamento passa por novas negociações”, ressalta.

Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque fica para a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), realizada em meados de março, e para os dados do setor de serviços na Europa, no mês passado. Para Rugik, a agenda “tem consistência” para fazer preço no dólar, porém, o comportamento tende a depender das notícias locais e do exterior. “Mas, como hoje, vejo que há mais espaço para o dólar cair”, diz.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram o dia alta, refletindo os riscos políticos, fiscais e sanitários em um momento no qual a vacinação avança lentamente e o Orçamento de 2021 espera a assinatura do presidente Jair Bolsonaro.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 4,645%, de 4,610% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,550%, de 6,485%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,23%, de 8,18% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,85%, de 8,78%, na mesma comparação.

Após flutuarem entre perdas e ganhos, os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia em queda, em um movimento de pausa após recordes impulsionados por sinais de uma forte recuperação econômica.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,29%, 33.430,24 pontos

Nasdaq Composto: -0,05%, 13.698,40 pontos

S&P 500: -0,09%, 4.073,94 pontos