Volume diário da Bolsa salta após eleição nos EUA e vacinas

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São Paulo – A definição do resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos e notícias positivas sobre vacinas contra o coronavírus animaram investidores estrangeiros e locais, fazendo o volume financeiro da Bolsa brasileira mostrar um salto nos últimos dois pregões e podendo permanecer mais elevado no curto prazo.

O volume total negociado na última segunda-feira (9) foi de R$ 50,101 bilhões, já ontem (10) chegou a R$ 48,620 bilhões, bem acima do que volume que vinha sendo negociado na semana passada, por exemplo, que não passou dos R$ 32 bilhões em nenhum pregão. O montante financeiro de segunda-feira também foi o maior desde 15 de abril, que movimentou R$ 54,638 bilhões, incluindo o exercício de opções sobre o Ibovespa ocorrido no dia.

Segundo analistas ouvidos pela Agência CMA, a maior clareza no cenário impulsionou a volta de investidores estrangeiros, que aproveitam também o dólar mais caro, além de levarem investidores locais a buscarem ações que haviam caído mais durante a pandemia, em detrimento de papéis que subiram no período.

“O fluxo vindo de fora está mais positivo, o ‘gringo’ começou a olhar com mais carinho de novo para o Brasil, até porque o dólar está valorizado, o que faz o Ibovespa ficar mais barato”, disse o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber.

“Para muitos investidores e fundos estrangeiros não faz tanta diferença alocar um pouco de recursos no Brasil dado o seu tamanho, mas claro que se a questão doméstica fiscal tivesse mais encaminhada daria mais conforto a esses investidores”, completou.

O saldo de investimento estrangeiro na B3 ficou positivo em R$ 4,502 bilhões na segunda-feira, no maior saldo desde o dia 23 de janeiro de 2018. O mês de novembro também mostrou maior entrada de recursos estrangeiros em todos os dias até o dia 9, ficando com saldo de R$ 7,759 bilhões. Já em outubro, o saldo ficou positivo em R$ 2,867 bilhões, no entanto, está fortemente negativo no ano, em R$ 77,127 bilhões.

O analista da Necton Corretora, Glauco Legat, é outro que acredita que o volume forte dos últimos dias pode refletir a estrada de “gringos”, que aos poucos aproveitam o dólar barato e a possível “redução da volatilidade” após a vitória do democrata Joe Biden nas eleições norte-americanas.

Já o analista da Guide Corretora, Henrique Esteter, lembra que essa melhora do cenário levou ainda a uma rotação de setores e que investidores locais também aproveitaram esse movimento, adicionando volume ao mercado. “O volume conversa com a redução da incerteza, muitos investidores zeraram posições antigas e voltaram comprar, teve uma retomada de quem estava posicionado e de quem tinha caixa”, afirmou.

Com a pandemia de covid-19, alguns setores ficaram para trás em relação a outros que tiraram vantagem do período, como as empresas de comércio eletrônico e tecnologia, em função das quarentenas. Outros setores que se beneficiam de juros baixos e de medidas como o auxílio emergencial também já tiveram uma melhora desde o início da pandemia, caso de siderúrgicas e construtoras. Em contrapartida, empresas dos segmentos de energia, petróleo, combustíveis, shoppings e bancos sofreram mais e ficaram descontadas.

A melhora do cenário e uma maior rotação de setores também já levou a um rali de quase 12% do Ibovespa no acumulado de novembro. No entanto, os analistas destacam que uma segunda pandemia ainda pode trazer incertezas e serão aguardados novos estímulos econômicos nos Estados Unidos. Já no Brasil, a questão fiscal continuará no radar.