Brasília – A instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO) cria ao seu redor uma disputa entre dois pivôs para a eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados no ano que vem: o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o deputado Arthur Lira (PP-AP), líder do bloco que engloba as cadeiras do centrão na Casa. Isso porque a eventual presidência da Comissão Mista em um ano tão díspar economicamente potencializa o capital político de quem definirá o norte do texto orçamentário para 2021 e, neste contexto, qualquer detalhe será tão importante quanto um voto, afirmou especialista à Agência CMA.
A disputa entre Lira e Maia não é nova e a representação mais clara desse momento aconteceu quando o DEM, partido do atual presidente da Câmara, saiu do bloco do centrão junto ao MDB. Naquele mesmo contexto já havia aproximação de Arthur Lira, líder do PP, com o Palácio do Planalto; o que, recentemente culminou na substituição da liderança do governo na Câmara por um correligionário de Lira, Ricardo Barros (PP-PR).
O aspecto da proporcionalidade dos partidos feito na composição da CMO torna esse cenário um termômetro para o que pode ser a votação da presidência da Câmara dos Deputados em 2021. Nos bastidores, corre a palavra de que Lira indique a senadora Flávia Arruda (PL-DF) para a presidência da CMO, a fim de alcançar os votos da bancada feminina em sua eleição, enquanto, do outro lado, é possivel que Rodrigo Maia indique a Professora Dorinha (DEM) para a vaga de segunda titular na Comissão.
Sobre o cenário, o cientista político da Hold Assessoria Legislativa, André César, acredita que o momento atual em 2020, em meio a uma pandemia secular, é de que “nesse sentido quem tiver o comando da confecção do orçamento, o comando político, vai sair na frente”.
Segundo André César o prazo encurtado para o orçamento também será um fator definitivo para a disputa. “Vai ficar mais evidente tem prazo para cumprir também com relação ao orçamento, então não dá para segurar e já é uma queda de braço, mas que pode ganhar contornos ainda maiores que podem, no limite, até envolver os interesses diretos do Planalto”, acrescenta.
César diz ainda que a possibilidade da disputa de votos na eleição à presidência da Câmara entre a bancada feminina é mais um ponto num cenário em que cada cadeira será importante. “Nesse nesse sentido cada voto é importante. A bancada feminina, se conquistá-la como um todo, pode ser importante na definição senão no primeiro turno em um eventual segundo turno entre os dois mais votados. Temos que lembrar que é difícil você ver um bloco como esse votar de maneira coesa em uma candidatura só. Sempre há dissidências”, explica.