Waller diz que inflação pode demandar resposta mais agressiva do Fed

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São Paulo – A inflação persistentemente elevada nos Estados Unidos pode forçar o Federal Reserve (Fed) a agir mais agressivamente em 2022, segundo o diretor do banco central norte-americano, Christopher Waller. Para ele, os próximos meses serão cruciais para determinar se os preços mais altos são transitórios ou não.
“Houve uma reabertura não sincronizada da economia e, por isso, tivemos problemas com a cadeia de abastecimento. Minha expectativa é de que a inflação convirja para perto da meta [de 2%], embora haja riscos de isso não acontecer. Se for esse o caso, teremos que ser mais agressivos na política monetária 2022 do que o Fed espera agora”, afirmou.
Em agosto, o índice de preços para os gastos pessoais (PCE) subiu 0,4% na comparação mensal, mesma alta de julho. Na comparação anual, o índice subiu 4,3% em agosto. O PCE é o indicador usado pelo banco central dos Estados Unidos (Fed) como referência para medir a inflação.
“Devemos esperar um pouco mais para ver se a inflação realmente vai se sustentar acima da meta ao invés de agir por antecipação a um evento que ainda não aconteceu. Faz dez anos que não temos inflação”, disse ele lembrando da orientação de permitir a inflação acima da meta por um tempo. “Nunca antecipamos uma inflação em 4% ou 5%”, acrescentou.
O Fed vem mantendo a taxa de juros perto de zero desde março do ano passado. Além disso, o banco central vem comprando US$ 120 bilhões em ativos por mês. Na ata de setembro, divulgada na semana passada, os membros do comitê sinalizaram que essas aquisições devem começar a ser reduzidas em meados de novembro ou de dezembro e que o ajuste da taxa de juros pode levar mais tempo para acontecer.
Falando em um evento virtual do Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF, na sigla em inglês), Waller disse ainda que a recuperação do mercado de trabalho nos Estados Unidos deve ganhar um novo impulso nos próximos meses. Ele destacou sua visão otimista sobre a economia norte-americana.
“A economia do lado real se recuperou relativamente rápido da pandemia. Conseguimos recuperar todo o PIB [Produto Interno Bruto] neste momento e a taxa de desemprego está caindo muito rápido. Ainda temos muitos trabalhadores fora do mercado de trabalho por várias razões e o Fed está fazendo o possível para reverter esse quadro. Espero que o emprego ganhe mais força nos próximos meses ao passo que escolas fiquem mais disponíveis e os temores da pandemia diminuam”, afirmou.
Sobre a estabilidade financeiro, Waller disse que o Fed não vê no momento sinais de bolhas alimentadas pela oferta de crédito no sistema. No caso do mercado imobiliário, que registrou forte aumento nos preços recentemente, ele disse que a alta se dá por “fundamentos identificáveis”.