São Paulo – O presidente chinês, Xi Jinping, alertou contra o desacoplamento de economias e o unilateralismo, defendendo uma nova ordem mundial mais justa, enquanto as tensões aumentam entre a China e os Estados Unidos sobre questões como comércio, tecnologia e direitos humanos.
“Devemos aderir ao verdadeiro multilateralismo e promover o desenvolvimento do sistema de governança global em uma direção mais justa e razoável”, disse Xi, na cerimônia de abertura do Fórum de Boao para a Ásia deste ano, na província de Hainan.
“Não importa o quanto se desenvolva, a China nunca buscará hegemonia, se expandirá, buscará esferas de influência ou se envolverá em uma corrida armamentista”. Segundo Xi, o país participará da cooperação multilateral no comércio e investimento, e promoverá a construção de um novo sistema econômico aberto de alto nível.
Segundo o presidente chinês, o futuro e o destino do mundo devem ser controlados por todos os países. Sem citar nomes, ele disse um grande país deve assumir o seu papel e mostrar mais responsabilidade.
“A ‘construção de muros’ artificiais e o ‘desacoplamento’ violam as leis da economia e as regras do mercado, prejudicando os outros e prejudicando a nós mesmos”, afirmou Xi, ao defender a facilitação do comércio, a consolidação de cadeias de suprimentos e a construção uma economia mundial aberta.
“A China continuará a ser um construtor da paz mundial, um contribuinte para o desenvolvimento global e um defensor da ordem internacional”, disse Xi, acrescentando que Pequim “promoverá ativamente a construção de um novo tipo de relações internacionais”.
Xi defendeu ainda a justiça e a criação de um futuro de respeito mútuo. “Devemos abandonar a mentalidade da Guerra Fria e o jogo de soma zero, e nos opor a qualquer forma de ‘nova guerra fria’ e confronto ideológico”, disse o presidente.
Por fim, ele ressaltou a importância de promover a cooperação internacional no combate à mudanças climáticas.
Os comentários de Xi ocorreram em um momento de relações tensas entre os Estados Unidos e a China. O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, impôs sanções a autoridades chinesas acusadas de reduzir o grau de autonomia de Hong Kong e por abusos aos direitos humanos em Xinjiang, e alertou que monitorar as ações cada vez mais agressivas da China ante Taiwan.
O governo de Biden também adicionou empresas de tecnologia da China à chamada lista de entidades por seu apoio à modernização militar do país, e trabalha com parceiros internacionais para fazer frente a medidas coercitivas de Pequim. “A China não vai assumir a liderança global sob a minha gestão”, disse Biden, em coletiva de imprensa no mês passado.