XP reitera preferência em Itaú após dados de crédito do Banco Central

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São Paulo – Em análise sobre os dados de crédito de julho e agosto divulgados hoje pelo Banco Central (BC), a XP avalia que eles reforçaram a sua visão de crescimento gradual da inadimplência ao longo do ano (estabilizando próximo aos níveis pré-pandemia) e de juros em alta devido ao ciclo de aperto monetário.A inadimplência aumentou 51 bps em relação a 2021, mas permaneceu estável na comparação mensal.

Além disso, a XP avalia que a manutenção de um robusto crescimento do saldo de crédito (+ 16,8% em base de comparação anual) apresentada está em linha com os números e os guidances para o ano divulgados pelos bancos listados, representando uma forte inércia para o crédito, apesar dos atuais desafios macro.

Com isso, a XP reiterou sua visão positiva para os grandes bancos e a preferência pelo Itaú (ITUB4) dentro de sua cobertura, devido a uma operação mais eficiente em relação aos pares; sua alta exposição às linhas de crédito de mais rápido crescimento com inadimplência controlada e seu valuation descontado versus média histórica (8,2x P/E para 2023).

No segmento de crédito corporativo, o principal destaque positivo foi a linha de Cartão de Crédito, que cresceu 69,6% ante 2021 e +5,7% em base mensal; enquanto o destaque negativo foi a linha de crédito do BNDES, que apresentou um crescimento marginal de 1,9% na comparação ano contra ano.

“No segmento de pessoas físicas, embora tenhamos observado um crescimento generalizado entre as diversas linhas, o destaque positivo foi o Cartão de Crédito, com crescimento de 42% em base anual.”

Juros devem limitar concessões nos próximos meses

A Tendências Consultoria Integrada avalia que, nos próximos meses, as concessões de crédito total devem apresentar gradual desaceleração, considerando as condições de financiamento em níveis cada vez menos atrativos, pela elevação adicional dos juros e pela expectativa da continuidade da piora da inadimplência, baixos rendimentos reais das pessoas, pressionando o orçamento, especialmente no crédito para bens duráveis; e incertezas do ambiente econômico e político, que limita os investimentos das empresas.

“Mesmo assim, existem fatores que devem impedir uma deterioração mais expressiva do crédito neste ano, considerando as medidas que estimulam certas modalidades do crédito das pessoas físicas (crédito consignado) e das pessoas jurídicas (Pronampe)”, comenta a consultoria.

A Tendências destaca que, de acordo com as estatísticas do Banco Central, as concessões totais de crédito mostraram alta em julho (+3,3%) e ligeiro crescimento em agosto (+0,4%), ambos na margem dessazonalizada e em termos reais. Na variação anual, as concessões mantêm volumes superiores ao mesmo período do ano passado, voltando a apresentar aceleração no ritmo de crescimento, com altas reais de 6,9% em julho e de 14,0% em agosto.

Entre as carteiras de crédito, houve desempenhos mistos em julho e agosto, considerando as variações em termos reais. Na carteira das pessoas jurídicas, as concessões totais cresceram 3,9% em agosto, após +3,0% em julho na margem dessazonalizada.

O melhor desempenho apresentado pelo crédito direcionado no período deve estar associado aos efeitos iniciais da nova fase do Pronampe, que contemplou também a inclusão de MEIs. Enquanto os recursos livres mostraram crescimento de 2,8% em agosto, após +1,1% em julho na série com ajuste sazonal, os recursos direcionados registraram alta de 14,6% em agosto, depois de +26,5% em julho.

Na carteira das pessoas físicas, houve queda de 2,5% das concessões totais em termos dessazonalizados em agosto, após +3,6% em julho. Entre os recursos, a queda contou com a redução do crédito direcionado (-14,0%), após alta de 15,7% em julho. Na carteira com recursos livres, houve recuo de 0,4% em agosto, após elevação de 1,6% em julho.

Em termos de condições de financiamento, os juros bancários apresentaram queda em agosto após alta em julho, enquanto a inadimplência (considerando atrasos de mais de 90 dias) seguiu controlada no período. Assim, em agosto, os juros bancários totais atingiram 28,7% a.a., 0,7 p.p. abaixo do patamar registrado em julho, mas ainda 4,4 p.p. acima de dez/21. Para a inadimplência, os níveis foram de 2,8% no período, 0,1 p.p. acima de junho e +0,5 p.p. em relação a dez/21.

Para pessoa física, com recursos livres, o movimento de gradual aumento se sustentou em julho e agosto, atingindo 5,6% nesse último mês, maior patamar desde maio/2020. Para pessoa jurídica, também com recursos livres, a inadimplência mostrou ligeiro aumento, atingindo 1,8%, também maior patamar desde meados de 2020.

Com Camila Brunelli / Agência CMA.