Analistas avaliam resultados do segundo trimestre das empresas

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São Paulo – A XP e o Itaú BBA atualizaram suas análises de resultados no segundo trimestre de 2022 das companhias listadas na Bolsa de Valores, com avaliação positiva e destaques em alguns setores sobre outros, refletindo um movimento de rotação.

A XP aponta que 71% das empresas reportaram lucros operacionais (ebitda) acima das suas estimativas, 8% vieram em linha, e os 21% restantes abaixo do que esperava. Quanto à receita, 52% das empresas superaram as expectativas da XP, 24% foram em linha e 24% vieram abaixo.

Considerando as empresas com cobertura XP e que integram o índice Ibovespa, o ebitda ficou, em média, 9,8% acima das expectativas e a receita superou as expectativas em 2,3%.

Apesar de riscos maiores de uma recessão econômica, as projeções de lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) para os próximos 12 meses, 2023 e 2024 subiram levemente durante o trimestre. Desde que a temporada dos resultados começou, as projeções de lucros caíram ligeiramente entre -0,2% e -1%. Para 2024, foram revisadas para cima em quase 2%.

“Vemos essa temporada de resultados como positiva, pois um número maior de companhias reportaram resultados acima da expectativa do mercado. Acreditamos que o mercado já esperava uma desaceleração nos resultados do 2o trimestre, que acabou não ocorrendo na magnitude esperada. Dessa forma, as estimativas de lucro esperadas para os próximos 12 meses se mantiveram estáveis pelo consenso de mercado, após a conclusão da temporada”, escreveram os analistas Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig.

Quanto aos setores, empresas de Agro, Alimentos e Bebidas, Educação e Petróleo e Gás reportaram ebitda acima das expectativas da XP. De destaques negativos, nos setores de Saneamento e Financeiro algumas empresas desapontaram, segundo a análise.

Reação das ações pós resultado

As empresas que superaram as estimativas de ebitda e receitas retornaram, em média, +1,7% e 0,9%, respectivamente, um dia após a data de cada relatório. Enquanto isso, as empresas que ficaram abaixo das estimativas foram mais penalizadas com retornos de -0,8% e -0,6% para os mesmos indicadores.

E durante a temporada de resultados, o índice Ibovespa subiu 15,7%, impulsionado em parte por um fluxo maior de capital estrangeiro a medida que o apetito a risco aumentou recentemente e os níveis de valuation do Brasil ainda bastante atrativos, avalia a XP.

Para Itaú BBA, setor doméstico foi o destaque da temporada 

O Itaú BBA compartilhou sua avaliação e principais conclusões de cada setor após o fim da temporada de resultados do segundo trimestre. A análise aponta que o destaque da temporada ficou com o setor doméstico, com os investidores buscando um ponto de inflexão nos resultados dessas empresas, bem como um melhor entendimento da dinâmica operacional à frente, já que o impacto das altas taxas de juros provavelmente começarão a atingir a economia.

“Varejistas de alimentos e de vestuário, empresas locais de alimentos e shoppings apresentaram um forte conjunto de resultados neste trimestre, enquanto construtoras de baixa renda e algumas empresas de saúde mostraram os primeiros sinais de melhora para os próximos trimestres”, escreveram os analistas do Itaú BBA, em relatório divulgado hoje.

Entre as empresas que atuam nesses setores, a análise apontou Grupo Mateus, Panvel, Mercado Livre, Arezzo, M.Dias Branco, Minerva, Iguatemi, Hapvida, Hypera, Direcional e Cury entre os melhores resultados.

Em outros segmentos, a análise observa que os números das companhias ligadas a commodities não trouxeram muita emoção, reforçando a rotação recente vista nas últimas semanas, além de refletir um cenário incerto para a atividade econômica global e a dinâmica dos preços. O ponto baixo foi o aumento dos custos no setor de siderurgia e mineração, enquanto as petrolíferas entregaram bons resultados, mais uma vez, com enormes dividendos na Petrobras. Também citou, entre os melhores resultados, CBA e Suzano e Vale e Klabin entre os piores.

Dentro da cobertura financeira, o Itaú BBA disse que os grandes bancos entregaram a esperada deterioração na qualidade de crédito, enquanto a dinâmica da receita líquida de juros deu o tom para as suas leituras e com o Banco do Brasil, novamente, se destacando com os melhores resultados. Para as financeiras não bancárias, os bons números vieram da Cielo e de BB Seguridade, levando a revisões para cima em suas estimativas.