Yellen defende apoio fiscal extra e nega elevação imediata de impostos

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São Paulo – A economia norte-americana precisa de ações amplas do governo para evitar uma recessão mais profunda e prolongada derivada da pandemia do novo coronavírus, disse Janet Yellen, indicada pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, para comandar o Departamento do Tesouro norte-americano.

“Os economistas nem sempre concordam, mas acho que há um consenso agora: sem outras ações, corremos o risco de uma recessão mais longa e dolorosa agora – e cicatrizes de longo prazo na economia mais tarde”, disse ela na sessão de confirmação do Comitê Financeiro do Senado.

A declaração acontece depois que Biden apresentou, na semana passada, um pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão e que prevê pagamentos direitos de US$ 1.400, benefícios aos desempregados de US$ 400 semanais até setembro, extensão da proteção contra despejos, recursos para vacinação e também para governos estaduais e municipais.

Sobre o apoio federal, Yellen defendeu uma ajuda direcionada. “Precisamos de alívio direcionado, com foco nas pequenas empresas que forem demais os efeitos da pandemia e das medidas mais restritivas. Também devemos priorizar famílias e minorias, que sentem diretamente o impacto da crise atual”, disse.

Segundo Yellen, a taxa de juros próxima de zero nos Estados Unidos abre espaço para ações adicionais de apoio à economia. “Devemos aproveitar que a taxa de juros está em nível historicamente baixo para agir grande”, afirmou ela.

O Federal Reserve (Fed) – que já foi chefiado por Yellen – cortou a taxa referencial para a faixa atual de zero a 0,25% ao ano em março do ano passado em meio a uma série de ações para ajudar a economia a atravessar a crise provocada pela pandemia. O banco central norte-americano já indicou que os juros não devem subir até, pelo menos, 2023.

Na sessão de perguntas e respostas, Yellen também defendeu investimentos em infraestrutura como uma forma de incentivar a recuperação da economia e a criação de empresas e afirmou que seu foco, se confirmada como secretária do Tesouro, será o trabalhador norte-americano.

“O financiamento de programas como o de investimentos em infraestrutura é algo que precisamos avaliar cuidadosamente”, reconheceu Yellen ao ser questionada sobre como o governo pretende destinar recursos para o setor.

Na sessão, Yellen defendeu ainda que as forças do mercado determinem o valor do dólar e não poupou críticas à China. “Estamos preparados para lidar com as práticas abusivas da China no comércio”, afirmou.

Além disso, afastou um dos grandes temores do mercado: a elevação de impostos. “O presidente Biden não planeja elevar os impostos assim que assumir e também não deve reverter completamente os cortes de impostos anunciados em 2017. Essa reversão será parcial”, disse Yellen.